Na minha primeira e única noite de Cine PE 2012 - vários problemas me impossibilitaram de conferir o festival desde sua abertura, dia 26 de abril - o saldo foi... levemente positivo. Não é nenhum segredo que desde o primeiro dia, o festival vem se "queimando" por conta de várias falhas técnicas, que além de impedirem ou atrapalharem as projeções, causam transtornos por conta de mudanças na programação - uma tentativa de compensação para quem compareceu e não assistiu o que queria. Domingo, não foi diferente, mas vamos adiar um pouco essa parte...
Cheguei atrasado à sessão de Xingu, de Cao Hamburguer, exibido gratuitamente, às 16h. Meia hora de atraso, pra ser mais exato. E foi impressionante como, mesmo entrando de gaiato no navio, o filme conseguiu me marcar de forma boa. Mais um filme que prova a capacidade do cinema brasileiro.
Depois, foi a vez dos curtas. O documentário Di Melo - O Imorrível, de Alan Oliveira e Rubens Pássaro, foi o melhor da noite, com certeza! No meu caso, em particular, foi marcante por conhecer um pouco mais do pernambucano que sempre escuto no meu estágio, por conta da minha querida supervisora e amiga Micarla, que dentre as músicas de sua playlist, sempre põe Kilariô (ouça aqui). A empatia foi automática. O personagem é divertidíssimo e tem uma história marcante, como todas as "histórias de perdedor". Arretado!
O paraibano As Folhas foi o mais fraco dos três. Pareceu-me um filme feito nos corredores de algum curso de cinema, sem grandes acabamentos. O próprio diretor, Deleon Souto, reconheceu, em breve discurso de apresentação do filme, que era uma início de experiência cinematográfica. Apesar de uma temática até legal, porém já meio gasta (afinal muitos filmes têm se inspirado no Espiritismo nos últimos anos), não convenceu e levou aplausos burocráticos dos presentes.
O último curta, Cesar!, Gustavo Suzuki, foi anunciado como uma comédia sobre um nerd e seus amigos, num plano de vingança contra um playboy valentão da escola. Foi bem legal, mas não provocou metade do riso que eu esperava. Apelou demais para palavrões e situações absurdas. A maioria deve ter aprovado, visto os urros de riso durante a projeção, mas pra mim, sobrou apenas um riso meio amarelo. Mediano.
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Alaíde (Hermila) e Hiroito (Daniel), em cena "romântica" |
Para fechar a noite, o longa Boca, de Flávio Frederico, contando a história de Hiroito Joanides, famoso bandido da região da Boca do Lixo, zona de prostituição do centro de São Paulo. Ambientando nas décadas de 50 e 60 e com Daniel Oliveira e Hermila Guedes no elenco, o filme estava pra lá de interessante quando a projeção simplesmente parou, o barulhinho do projetor também, e logo todas as luzes do teatro foram acesas. Todos no local estava visivelmente consternados, sem entender nada do que acontecia. Eis que o produtor do filme sobe ao palco e explica: houve um erro na montagem do filme. Dividido em 6 rolos, o filme pulou do terceiro para o sexto rolo. Como era algo que poderia levar muito tempo para ser consertado, preferiu-se pela não exibição.
Ele ainda arriscou um "quem quiser esperar, vamos ver no que dá", ou algo assim, mas quase ninguém ficou para ver no que daria. Evasão quase completa dos quase 3 mil espectadores. A saída para resolver o impasse foi reexibir o filme ontem, em sessão gratuita.
Foram tantas alterações como esta na programação, por motivos semelhantes - ontem foi a vez dos curtas terem problemas... -, que o Cine PE sai meio manchado este ano. Para 2013, é bom que a organização do festival se afine para que problemas como os desta edição não se repitam. Quase todos os dias algum filme saiu prejudicado! É um desrespeito com público e realizadores. Torço para que ano que vem, o Cine PE seja melhor.
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Wesley Prado é recifense, leonino, quase jornalista e nostálgico. Lembra da queda do Muro de Berlin. Simplesmente louco por quadrinhos, RPG, livros e cinema. Criador do Caixa da Memória, mas humilde demais para querer ser chamado de deus ou papai.