Diogo Nogueira, do blog Pontos de Experiência e um dos caras que melhor escreve sobre RPG na blogosfera atualmente, teve uma iniciativa bem bacaninha para aproveitar a Semana Internacional do Livro (24 a 29 de setembro). Abaixo, segue o texto dele na íntegra, explicando como funciona:
"Como estamos na semana internacional do livro, resolvi propor um brincadeira para vocês que vi sendo feita algumas vezes entre blogueiros lá e fora. Basicamente fazemos uma lista com dez livros de RPG, entre todos que possuímos. Esses são os seus livros favoritos, aqueles que você levaria para qualquer lugar que fosse se mudar, se não tivesse como levar todos. E aí? Topam a brincadeira?
Atenção para as regras da lista:
Você deve possuir esses livros fisicamente, não vale PDF (se acontecer um cataclisma tecnológico, como você vai jogar com eles?) ou livros que você adoraria possuir; Não precisa ser necessariamente um livro, pode ser um Boxed-Set (que acabe contendo mais de um livro), mas deve ser um único produto (ou seja, se por acaso você comprou um promoção que vieram vários livros juntos, mas, normalmente, eles são vendidos separados, não conta); Podem ser livros nacionais ou importados, de qualquer sistema de regra, de qualquer tipo de ambientação, basta ser de RPG; A cada escolha, fazer uma breve explicação do porquê da mesma, bem simples e rápida."
Bem, como quase não comento nada de RPG aqui no Caixa da Memória, pelo menos não de forma mais pessoal, como Diogo e tantos outros fazem (e bem) por aí, me arrisquei a fazer minha lista. Nos 49 do segundo tempo, mas tá valendo. ;)
Vamos aos escolhidos, então...
Vamos aos escolhidos, então...
Obs: Algumas das minhas escolhas certamente serão prejudicadas pelo fato de não serem baseadas em experiência de jogo... Sabe como é, a galera vai ficando velha e a dificuldade pra reunir um grupo de jogadores só aumenta... Mesmo quando eu tinha tempo de sobra, não havia muitas oportunidades. Então, alguns dos livros que vou listar estarão presentes unicamente por terem me proporcionado ótimos momentos de leitura (e releitura) ou pelo simples fato de terem estimulado e muito a minha imaginação.
10) Advanced Defensores de Tóquio (edição especial da revista Dragão Brasil, editora Trama): eu poderia muito bem deixar esta vaga para algum jogo sério e tal... ou para a primeira edição de Defensores de Tóquio, aquela de capa meio poluída, mas que já passava o tom de escracho do jogo... Mas sua versão Advanced é muito mais bacana e abrangente, tentando pegar todos os estereótipos possíveis das séries japonesas de sucesso da época. Lembro que mestrei a aventura pronta, uma sátira descarada do filme dos Power Rangers, para um amigo (e apenas ele!) e ter rido horrores! Depois dessa edição, a galera da Dragão Brasil resolveu tornar o sistema mais sério e assim surgiu o famoso 3D&T.
9) Paranoia (editora Devir): outro RPG de humor, só que a sátira aqui é mais... canalha. Enquanto Defensores de Tóquio tem um tom mais de pura greia, Paranoia é todo construído em volta do humor negro. As referências também são ótimas, indo desde os clássicos Aldous Huxley e George Orwell até stalinismo, mutantes, sociedades secretas e, principalmente, uma burocracia insuportável! O sistema nem é tão legal, mas a ambientação é fantástica. Outro que recomendo. Agora, infelizmente, só dá pra achar em sebos, e olhe lá... E lembre-se: o Computador é seu amigo!
8) Shadowrun 2ª Edição (editora Devir): Eu sempre quis ter esse livro e quando finalmente o encontrei na famosa praça do sebo de Recife, eu simplesmente pirei! Pena que isso não faz muito tempo, e eu tenho quase certeza que jamais terei oportunidade de jogá-lo. Mas ainda assim, acho o cenário arretado - tenho os três romances que a Ediouro lançou quando ainda tinha os direitos sobre o jogo - e a mistura estranhamente orgânica de cyberpunk com fantasia é pra deixar qualquer um besta. Item obrigatório na coleção de qualquer rpgista.
7) Terra Devastada (editora Retropunk): segundo RPG nacional da minha lista, sua temática é inspirada em obras como Madrugada dos Mortos e The Walking Dead. Ou seja, zumbis. Tá, o tema já virou modinha, mas deixando essa frescura de lado, Terra Devastada é um livro que considero completo. Além de um sistema bem intuitivo e que estimula mais a criatividade e a interpretação por parte do jogador, a narrativa sufocante do autor John Bogéa coloca o leitor no clima perfeito do jogo. Outro ponto que considero massa é o fato de trazer o tema pra nossa realidade. Fiquei pensando inúmeras vezes como seria um apocalipse zumbi em Recife e Olinda e tal perspectiva me deu um medo do caramba! XD
6) Fiasco (editora Retropunk): o primeiro livro que comprei da editora de Guilherme Moraes e um dos títulos que mais quebrou paradigmas pra mim. Quem tá acostumado com a velha fórmula mestre narrando + jogadores reagindo vai estranhar e muito este jogo. Isto porque ele é um RPG de narrativa compartilhada. O conceito é que a tarefa de narrar o jogo seja dividida entre todos os jogadores. Não há a figura do mestre! Isto pode desconsertar a maioria das pessoas, mas quando se vai entendendo a proposta aos poucos, tudo parece tão natural que você fica se perguntando porque diabos o RPG nunca foi assim desde o começo.
(Só pra ter uma ideia do quanto a ideia de narrativa compartilhada pode chocar, quando contei de Fiasco pra um velho amigo rpgista, ele me respondeu: "Isso não é RPG, isso é teatro!") XD
5) Space Dragon (editora Redbox): mais um nacional, de autoria de Igor Moreno. Trata-se do primeiro RPG brasileiro de ficção científica pulp - saca Flash Gordon, Buck Rodgers e Perry Rhodan? Pois é disso que estamos falando aqui. O sistema é uma modificação do Old Dragon, também da Redbox, que é um retroclone das primeiras edições do Dungeons & Dragons. As mudanças ficaram tão interessantes e o tema é tão pouco explorada nos títulos que são lançados no Brasil que não tem como não se apaixonar por esse jogo. Pra quem é fã do gênero, é uma ótima pedida. Pra quem não é, uma oportunidade de descoberta, talvez até de quebra de preconceitos - já que a sci-fi pulp tem mais a ver com uma estilo que pode ser considerado por muita gente como ultrapassado e até mesmo brega.
4) Abismo Infinito (editora Retropunk): ainda não li - e por isso não fiz uma resenha a respeito - mas pelas críticas que já li e pelo pouco que pude conferir do material, o jogo deve ser arretado. Confesso que comprei mais pelo autor do que pela ambientação ou pelas regras. Sim, esse também é de John Bogéa. Conheci o livro ainda em sua versão beta, que o ele próprio disponibilizava na internet. Basicamente, a premissa é que os jogadores interpretem membros de uma expedição espacial que vão aos poucos sucumbindo à loucura que o isolamento e a condições extremas de hibernação provocam em suas mentes. As ilustrações são assustadoras e a trilha sonora no CD que acompanhou o pacote de pré-venda completa o clima de horror pessoal absoluto.
3) Mutantes & Malfeitores (editora Jambô): um RPG fabuloso de super-heróis usando o sistema D20. É simplesmente um dos melhores RPGs "técnicos" que já li. E por RPG técnico, quero dizer aqueles que vem só com as regras básicas do sistema em questão, com pouca ou nenhuma ambientação. A flexibilidade das regras é tão grande que você pode narrar praticamente qualquer tipo de história envolvendo supers. Gosta do universo sombrio de Batman? Vai fundo. Prefere os conflitos étnicos dos X-Men? Aproveite. Ah, o que você gosta mesmo é do clima "Era de Ouro" da Liga da Justiça? Meta bronca. Não gosta de nada disso, prefere Sandman ou mangás? Divirta-se! M&M é um RPG bem completo, seus suplementos sendo apenas ferramentas para acrescentar ainda mais ao jogo.
2) Livro da Tribo Fianna (editora Devir): eu até cogitei Castelo Falkenstein para esse posição, mas eu acabei cedendo para um livro que eu não conseguiria me desfazer nem ferrando. A tribo Fianna é a minha favorita quase desde sempre - cheguei a ter grande admiração pelos Garras Vermelhas, mas isso foi antes mesmo de comprar o livro básico. Os guerreiros apaixonados por uma boa luta, uma boa história e uma boa bebida representam pra mim o máximo de catarse emocional que Lobisomem pode dispor para seus jogadores.
1) Lobisomem: O Apocalipse - 2ª Edição (editora Devir): como não deixar reservado o topo do pódio para o primeiro RPG da minha vida? De todos os plots do antigo Mundo das Trevas, Lobisomem é de longe o que mais me encanta. Eu costumo dizer que é o jogo onde se pode extravasar (de forma saudável, que fique claro!) o lado mais instintivo que carregamos. Outra coisa que acho interessante em Lobisomem é o senso do dever dos personagens (o mundo está morrendo e é preciso fazer algo para salvá-lo) e o estímulo a união do grupo*. Meu livro já está meio mal tratado, fruto de empréstimos que fiz para alguns amigos [não fosse verdadeira a amizade, eu nem olhava mais na cara! hehehe], mas é de todos os meus livros de RPG o que guardo com mais carinho.
*Aqui me refiro ao problema que sinto nos outros dois grandes títulos do Mundo das Trevas, Vampiro e Mago. No primeiro, sinto muitos jogadores se divertirem mais pelo lado de prejudicar os outros personagens do grupo, por conta do extremo clima de traição e política do jogo. Já Mago eu tenho pouco referência, mas até quando leio o material desta linha, me dá uma impressão que os personagens de Mago são extremamente independentes e que a união dos personagens é passageira ou apenas mútuo interesse.
Menções honrosas:
-Castelo Falkenstein (editora Devir): ainda não li, mas sei que é um livro fora de série.
-Espírito do Século (editora Retropunk): a versão brasileira é um espetáculo, com um sistema de regras bem prático e uma ambientação empolgante.
-O Feiticeiro da Montanha de Fogo (editora Marques Saraiva): o primeiro livro-jogo da coleção Aventuras Fantásticas e o mais clássico de todos!
-Este Corpo Mortal (editora Retropunk): um sistema inovador onde a ambientação é discutida e criada em grupo, sempre em torno do tema magia. Sutil e bem elaborado.
Bem, essa foi minha contribuição pra brincadeira, os meus 10 livros de RPG. E aí, o que vocês acharam?
*Aqui me refiro ao problema que sinto nos outros dois grandes títulos do Mundo das Trevas, Vampiro e Mago. No primeiro, sinto muitos jogadores se divertirem mais pelo lado de prejudicar os outros personagens do grupo, por conta do extremo clima de traição e política do jogo. Já Mago eu tenho pouco referência, mas até quando leio o material desta linha, me dá uma impressão que os personagens de Mago são extremamente independentes e que a união dos personagens é passageira ou apenas mútuo interesse.
Menções honrosas:
-Castelo Falkenstein (editora Devir): ainda não li, mas sei que é um livro fora de série.
-Espírito do Século (editora Retropunk): a versão brasileira é um espetáculo, com um sistema de regras bem prático e uma ambientação empolgante.
-O Feiticeiro da Montanha de Fogo (editora Marques Saraiva): o primeiro livro-jogo da coleção Aventuras Fantásticas e o mais clássico de todos!
-Este Corpo Mortal (editora Retropunk): um sistema inovador onde a ambientação é discutida e criada em grupo, sempre em torno do tema magia. Sutil e bem elaborado.
Bem, essa foi minha contribuição pra brincadeira, os meus 10 livros de RPG. E aí, o que vocês acharam?
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