Mais um belo dia no pântano. O ogro acorda ao lado de sua amada ogra, com seus três filhinhos beirando a cama. Depois, toma café, recebe visitas, brinca, jantam todos juntos, etc, etc, etc, e vão dormir.
Dia seguinte: O ogro acorda ao lado de sua amada ogra, com seus três filhinhos beirando a cama. Depois, toma café, recebe visitas, brinca, jantam todos juntos, etc, etc, etc, e vão dormir.
Dia seguinte: O ogro acorda ao lado de sua amada ogra...
Cansou, né?
Shrek também. No (?) último (?) filme da franquia, Shrek Para Sempre, o ogro verde e mal educado que amamos é posto num dilema que boa parte das pessoas pelo mundo afora já enfrentou: como superar a rotina sem acabar com o casamento? O nosso camarada verde está cansado da mesmice de seus dias, com saudades dos tempos em que era apenas um ogro temido e solitário no seu querido pântano. É em cima desse dilema - e suas consequências - que o filme se sustenta.
O grande problema de quem não consegue lidar com a rotina de viver um relacionamento é justamente a posição egoísta que um (ou os dois) membros do casal tem frente a sua vida à dois: sentir falta da vida ANTES do namoro/casamento. Esse é o tipo de postura que acaba qualquer casal. Achar que a vida se tornou menos emocionante porque você não faz mais as loucuras dos tempos de solteiro (geralmente associado à adolescência, período mais do que adequado para essa coisas) NÃO significa que ela, de fato se tornou menos emocionante! As emoções são apenas diferentes. A dificuldade de enxergar isso é que muitos chamam de "rotina".
Tá, você não vai mais à boate, passa a noite inteirinha acordado, enchendo a cara, pegando geral na noite, mas... Será que já não passou do tempo? Pense em como você achava ridículo aqueles (as) tiozinhos(as) na mesma boate. Eles pareciam meio deslocados, não é? Ok, ok, eles tem direito de se divertir. Mas será que apenas dessa maneira? E isso é apenas um exemplo...
Esse é o problema de Shrek no seu quarto filme: sentir saudades dos tempos de solteiro, quando Fiona, o Burro, o Gato de Botas e tantos outros simplesmente não faziam parte da sua vida. A tensão é tamanha que ele chega a esbravejar na cara da pobre Fiona toda a mágoa egoísta que sente por não ter mais esse tempo de volta.
É aproveitando esse momento de instabilidade que aparece o vilão, Rumplestiltiskin (nem acredito que acertei escrever esse nome de primeira...), um baixinho falastrão e trapaceiro que deseja vingança contra Shrek (assista se quiser saber o porquê!). Ele é especialista em contratos mágicos, e oferece um para resolver os problemas do ogro.
Pois. Shrek volta a ser o velho ogro temido de antes, mas descobre-se num mundo terrível, onde ogros são caçados por bruxas que mais lembram uma versão em vassoura do Duende Verde (aquele, do Aranha), e onde ninguém lembra dele, inclusive Fiona.
Por que só quando a gente perde é que damos valor às coisas? Shrek percebe a grande burrada que fez e precisa, desesperadamente, encontrar Fiona e fazê-la se apaixonar por ele novamente, antes que o dia termine e ele desapareça por completo!
A tarefa não é nada simples. Fiona, nesta realidade paralela, virou uma guerreira formidável, a líder da Resistência, uma união de gurreiros ogros brutamontes, lutando para sobreviver à tirania de Rumplestiltiskin. Nas cenas da Resistência, confesso que as cenas pareciam retiradas de algum MMORPG (Massive Multiplayer Online Role Playing Game). Nunca ouviu falar? Da sigla talvez não, mas com certeza já deve ter ouvido falar de Ragnarok, World of Warcraft, Mu, Priston Tale e tantos outros títulos similares, especialmente se já você frequentou alguma lan house na vida.Não havia como não ver a mínima semelhança entre os ogros do filme e os orcs de Warcraft, cheios de músculos, armas e armaduras. Mas, mesmo com tempo limitado em cena, os personagens são carismáticos - como não achar legal um imenso ogro cozinheiro, com alhos presos no longo cavanhaque, um jeito meio afeminado de falar de vez em quando e que arremessa tapiocas de seu carrinho?
Shrek vai aprender (da pior maneira) que tudo que ele tinha na vida, antes de solteiro, nem se compara ao que ele tem ao lado de Fiona. É meio que a mensagem do filme: apreciar o momento que se vive, e que o passado foi bom, mas deve ficar como uma boa lembrança. Apenas isso.
Não vou contar mais coisas do filme pois vai tirar a curtição de vê-lo na telona. Como comentário final, posso dizer que Shrek Para Sempre é inferior aos anteriores. Faz muita falta a dublagem de Bussunda. Não que tenha ficado ruim, mas não tinha como ver a carona verde de Shrek e não lembrar da inesperadamente ótima dublagem que ele fez.
A qualidade da animação, é superior - como se nota nas expressões faciais e na leveza de movimentos de Rumple e em objetos difíceis de animar, como tecidos - mas o conteúdo está bem diferente. As piadas intensas foram substituídas por ação intensa. Sério, são muitas as cenas em que Shrek simplesmente bate em alguém/foge de alguém/tenta sobreviver a alguma ameça. Talvez tenha sido alguma influência de Warcraft, quem sabe?
Além disso, o filme ficou um tanto adulto demais. Como levar para crianças, TEORICAMENTE o público-alvo do filme, e quem realmente vai lotar salas, um tema como rotina do casamento? E qual delas vai saber que pitombas seja uma recisão contratual?! (sim, esse termo é usado no filme). E em alguns momentos, a vilania de Rumple chega a ser diabólica, nada comparável aos vilóes dos outros filmes. Com certeza, o vilão mais evil de Shrek de todos. O único defeito de ter Rumple no casting é que ele é um conto de fadas pouco conhecido em regiões fora da Europa e EUA. Difícil fazer um filme da franquia Shrek usando um personagem que não seja "universal".
Pesando prós e contras, o filme pode não ter aquele clima legal de antes, mas ainda diverte e encanta. Eu, que já sou quase um trintão, ri a lots. Se for realmente o último filme do ogro, vai fazer falta.
- x - x - x -
Não, não jogo MMORPGs porque sei que são altamente viciantes e eu não tenho o $ necessário para jogar esses trocinhos...
E fica a dica: não perca seus trocados para assistir Shrek Para Sempre em 3D. Os efeitos são poucos e mal aproveitados. Sinceramente, não faz tanta falta assim - só vale a pena mesmo pelos comentários dos pirralhas se impressionando com os efeitos ("Mãe, tem poeira em cima de mim!") :D
- x - x - x -
Ah, e atenção para o trailer de Rio, nova animação de Carlos Saldanha, da trilogia Era do Gelo! Tem tudo para ser um bom filme!
Tá bom, você já decidiu que não vai ver Shrek... Hum... Então, toma o trailer aqui de presente!
Dia seguinte: O ogro acorda ao lado de sua amada ogra...
Cansou, né?
Shrek também. No (?) último (?) filme da franquia, Shrek Para Sempre, o ogro verde e mal educado que amamos é posto num dilema que boa parte das pessoas pelo mundo afora já enfrentou: como superar a rotina sem acabar com o casamento? O nosso camarada verde está cansado da mesmice de seus dias, com saudades dos tempos em que era apenas um ogro temido e solitário no seu querido pântano. É em cima desse dilema - e suas consequências - que o filme se sustenta.
O grande problema de quem não consegue lidar com a rotina de viver um relacionamento é justamente a posição egoísta que um (ou os dois) membros do casal tem frente a sua vida à dois: sentir falta da vida ANTES do namoro/casamento. Esse é o tipo de postura que acaba qualquer casal. Achar que a vida se tornou menos emocionante porque você não faz mais as loucuras dos tempos de solteiro (geralmente associado à adolescência, período mais do que adequado para essa coisas) NÃO significa que ela, de fato se tornou menos emocionante! As emoções são apenas diferentes. A dificuldade de enxergar isso é que muitos chamam de "rotina".
Tá, você não vai mais à boate, passa a noite inteirinha acordado, enchendo a cara, pegando geral na noite, mas... Será que já não passou do tempo? Pense em como você achava ridículo aqueles (as) tiozinhos(as) na mesma boate. Eles pareciam meio deslocados, não é? Ok, ok, eles tem direito de se divertir. Mas será que apenas dessa maneira? E isso é apenas um exemplo...
Esse é o problema de Shrek no seu quarto filme: sentir saudades dos tempos de solteiro, quando Fiona, o Burro, o Gato de Botas e tantos outros simplesmente não faziam parte da sua vida. A tensão é tamanha que ele chega a esbravejar na cara da pobre Fiona toda a mágoa egoísta que sente por não ter mais esse tempo de volta.
É aproveitando esse momento de instabilidade que aparece o vilão, Rumplestiltiskin (nem acredito que acertei escrever esse nome de primeira...), um baixinho falastrão e trapaceiro que deseja vingança contra Shrek (assista se quiser saber o porquê!). Ele é especialista em contratos mágicos, e oferece um para resolver os problemas do ogro.
Pois. Shrek volta a ser o velho ogro temido de antes, mas descobre-se num mundo terrível, onde ogros são caçados por bruxas que mais lembram uma versão em vassoura do Duende Verde (aquele, do Aranha), e onde ninguém lembra dele, inclusive Fiona.
Por que só quando a gente perde é que damos valor às coisas? Shrek percebe a grande burrada que fez e precisa, desesperadamente, encontrar Fiona e fazê-la se apaixonar por ele novamente, antes que o dia termine e ele desapareça por completo!
Shrek vai aprender (da pior maneira) que tudo que ele tinha na vida, antes de solteiro, nem se compara ao que ele tem ao lado de Fiona. É meio que a mensagem do filme: apreciar o momento que se vive, e que o passado foi bom, mas deve ficar como uma boa lembrança. Apenas isso.
Não vou contar mais coisas do filme pois vai tirar a curtição de vê-lo na telona. Como comentário final, posso dizer que Shrek Para Sempre é inferior aos anteriores. Faz muita falta a dublagem de Bussunda. Não que tenha ficado ruim, mas não tinha como ver a carona verde de Shrek e não lembrar da inesperadamente ótima dublagem que ele fez.
A qualidade da animação, é superior - como se nota nas expressões faciais e na leveza de movimentos de Rumple e em objetos difíceis de animar, como tecidos - mas o conteúdo está bem diferente. As piadas intensas foram substituídas por ação intensa. Sério, são muitas as cenas em que Shrek simplesmente bate em alguém/foge de alguém/tenta sobreviver a alguma ameça. Talvez tenha sido alguma influência de Warcraft, quem sabe?
Além disso, o filme ficou um tanto adulto demais. Como levar para crianças, TEORICAMENTE o público-alvo do filme, e quem realmente vai lotar salas, um tema como rotina do casamento? E qual delas vai saber que pitombas seja uma recisão contratual?! (sim, esse termo é usado no filme). E em alguns momentos, a vilania de Rumple chega a ser diabólica, nada comparável aos vilóes dos outros filmes. Com certeza, o vilão mais evil de Shrek de todos. O único defeito de ter Rumple no casting é que ele é um conto de fadas pouco conhecido em regiões fora da Europa e EUA. Difícil fazer um filme da franquia Shrek usando um personagem que não seja "universal".
Pesando prós e contras, o filme pode não ter aquele clima legal de antes, mas ainda diverte e encanta. Eu, que já sou quase um trintão, ri a lots. Se for realmente o último filme do ogro, vai fazer falta.
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Não, não jogo MMORPGs porque sei que são altamente viciantes e eu não tenho o $ necessário para jogar esses trocinhos...
E fica a dica: não perca seus trocados para assistir Shrek Para Sempre em 3D. Os efeitos são poucos e mal aproveitados. Sinceramente, não faz tanta falta assim - só vale a pena mesmo pelos comentários dos pirralhas se impressionando com os efeitos ("Mãe, tem poeira em cima de mim!") :D
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Ah, e atenção para o trailer de Rio, nova animação de Carlos Saldanha, da trilogia Era do Gelo! Tem tudo para ser um bom filme!
Tá bom, você já decidiu que não vai ver Shrek... Hum... Então, toma o trailer aqui de presente!
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