Texto publicado na edição desta segunda (06/06/11) do Jornal do Commercio, na coluna Zine do Caderno C
Poucas vezes o universo adolescente americano foi retratado de maneira tão realista quanto na graphic novel Mundo Fantasma, de Daniel Clowes, que acaba de ser editada no Brasil pela editora Gal (86 páginas, R$23,90).
Apesar de chegar aos consumidores brasileiros só agora, 14 anos depois de sua publicação pela Fantagraphics Books, a história das adolescentes Enid e Rebecca é muito conhecida por causa da adaptação cinematográfica levada a cabo por Terry Zwigoff (Crumb), com o título nacional de Mundo Cão (em vídeo, Ghost World – Aprendendo a Viver). Recentemente, Zwigoff e Clowes voltaram a se encontrar em Uma escola muito louca (2006).
Não devemos esquecer, também, que Mundo Cão foi um dos primeiros sucessos de Scarlett Johansson, que interpreta a lourinha Rebecca. Para falar a verdade, o filme, realizado em 2001, é mais do que uma adaptação ipsis literis dos quadrinhos porque Zwigoff e Clowes mexeram muito com os personagens, principalmente com a entrada em cena de Seymour, o colecionador de vinil interpretado por Steve Buscemi. Mas a espinha dorsal da graphic novel permanece intacta já que o foco continua na insatisfação das duas amigas adolescentes, que terminam o colégio e ficam de bobeira zanzando pelas redondezas do subúrbio onde moram, sem saber o que vão fazer dali pra frente.
Rebeldes sem causa, Enid e Rebecca não poupam ninguém que passa na frente delas, como se o mal estar de viver resvalasse em todas as direções. E o traço de Clowes, realista e sombreado de verde, aponta mesmo para uma estranheza do ambiente que cerca suas personagens, que não se reconhecem em nada do que vêem. Mesmo estranho e assustador, o mundo de Clowes tem sua faceta engraçada, sem dúvida fruto da idade em vivem as duas amigas.
Uma das boas surpresas da edição da Gal é a ótima tradução de Maurício Muniz, que não alivia nos palavrões nem na aspereza do verbo de Daniel Clowes. Só para confirmar a importância de Mundo Fantasma no panorama das HQs americanas, a graphic novel ocupa o 8º lugar na lista da revista Time dos melhores álbuns de quadrinhos de todos os tempos e o 6º lugar na lista da revista Paste dos 20 melhores em quadrinhos da década (2009).
Ernesto Barros (ebarros@jc.com.br)
Poucas vezes o universo adolescente americano foi retratado de maneira tão realista quanto na graphic novel Mundo Fantasma, de Daniel Clowes, que acaba de ser editada no Brasil pela editora Gal (86 páginas, R$23,90).
Apesar de chegar aos consumidores brasileiros só agora, 14 anos depois de sua publicação pela Fantagraphics Books, a história das adolescentes Enid e Rebecca é muito conhecida por causa da adaptação cinematográfica levada a cabo por Terry Zwigoff (Crumb), com o título nacional de Mundo Cão (em vídeo, Ghost World – Aprendendo a Viver). Recentemente, Zwigoff e Clowes voltaram a se encontrar em Uma escola muito louca (2006).
Não devemos esquecer, também, que Mundo Cão foi um dos primeiros sucessos de Scarlett Johansson, que interpreta a lourinha Rebecca. Para falar a verdade, o filme, realizado em 2001, é mais do que uma adaptação ipsis literis dos quadrinhos porque Zwigoff e Clowes mexeram muito com os personagens, principalmente com a entrada em cena de Seymour, o colecionador de vinil interpretado por Steve Buscemi. Mas a espinha dorsal da graphic novel permanece intacta já que o foco continua na insatisfação das duas amigas adolescentes, que terminam o colégio e ficam de bobeira zanzando pelas redondezas do subúrbio onde moram, sem saber o que vão fazer dali pra frente.
Rebeldes sem causa, Enid e Rebecca não poupam ninguém que passa na frente delas, como se o mal estar de viver resvalasse em todas as direções. E o traço de Clowes, realista e sombreado de verde, aponta mesmo para uma estranheza do ambiente que cerca suas personagens, que não se reconhecem em nada do que vêem. Mesmo estranho e assustador, o mundo de Clowes tem sua faceta engraçada, sem dúvida fruto da idade em vivem as duas amigas.
Uma das boas surpresas da edição da Gal é a ótima tradução de Maurício Muniz, que não alivia nos palavrões nem na aspereza do verbo de Daniel Clowes. Só para confirmar a importância de Mundo Fantasma no panorama das HQs americanas, a graphic novel ocupa o 8º lugar na lista da revista Time dos melhores álbuns de quadrinhos de todos os tempos e o 6º lugar na lista da revista Paste dos 20 melhores em quadrinhos da década (2009).
2 comentários:
muito curiosa pra ver essa obra! gostei mt dessa resenha! beijos, Wes!
Ernesto Barros se garante muito em quadrinhos, minha querida.
E sim, ainda vou comentar seu artigo, viu?
bjo, Mari!
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