MORTE DE TAXISTA Assassinato
brutal de motorista gerou comoção no Recife e indignou várias pessoas, que
cobraram mais segurança
Ele era o taxista do Fusca laranja, único do Recife. O assassinato brutal de Amaro Bernardo da Silva, 56 anos, mais conhecido como Seu Lucas, gerou comoção na cidade. Foram 17 facadas, grande parte no pescoço. Durante todo o dia de ontem, a notícia ganhou as redes sociais. Várias pessoas compartilharam indignação, cobraram segurança e lamentaram, no Twitter e Facebook, o fim trágico de um típico personagem recifense. Com ele, morre também uma parte da história. O crime ocorreu na noite de domingo, na Rua Dolores Salgado, bairro da Macaxeira, na Zona Norte. O Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) comunicou que a hipótese mais provável é a de latrocínio.
Algumas testemunhas informaram à
Polícia Militar terem visto o taxista fazendo uma corrida com três homens. A
informação não foi confirmada oficialmente pela Polícia Civil. O gestor do
DHPP, Joselito Kehrle, alegou que o veículo estava revirado. O sepultamento
ocorre hoje, às 11h, no Cemitério de Santo Amaro. "Acreditamos, inicialmente,
que ele sofreu um latrocínio. Seu Lucas era muito grande e forte. Pela perícia
do Instituto de Criminalística (IC), verificamos que havia várias lesões
típicas de quem tinha tentado se defender. O carro estava completamente revirado,
a carteira aberta e sem nenhum dinheiro. Alguém revirou o carro, provavelmente,
para achar o dinheiro. O celular dele também foi levado."
Questionado se as características
não indicavam um crime de vingança, Joselito disse que nenhuma linha de
investigação pode ser descartada. "Claro que a quantidade de facadas
caracteriza uma vingança, mas acreditamos que, como há sinais de luta corporal,
ele deve ter reagido a um assalto." Na manhã de ontem, o irmão da vítima, Luiz
Carlos Bernardo da Silva, 63, revelou que, há muitos anos, ele já havia reagido
a um assalto. "Lembro que ele conseguiu tomar o revólver da mão do ladrão."
Moradores da comunidade do Canal, na Macaxeira, disseram que o crime ocorreu
por volta das 20h. O boletim de ocorrência foi registrado às 22h50 e a
Companhia Independente de Operações de Defesa Social (Ciods) acionou a
Força-Tarefa do DHPP à 1h.
O banco traseiro do veículo
estava com muito sangue. A roupa que ele usava estava rasgada. No momento em
que o corpo foi encontrado, o taxímetro ainda estava ligado. Dentro do veículo,
os policiais acharam recortes de jornal com matérias sobre o Fusca laranja.
Familiares de Seu Lucas estiveram no IML para liberar o corpo, velado durante
todo o dia de ontem. Daiane Imaculada, filha do taxista, disse que almoçou no
domingo com o pai. "Ele estava ótimo. Fazia tempo que ele não almoçava com a
gente. Hoje (ontem) ele iria dormir no Hospital da Restauração, onde fazia
ponto, porque precisava realizar exames." Ela informou que o pai só trabalhava
à noite. Sempre das 19h às 2h. Aposentado da Emater (antigo órgão estadual de
fomento à agricultura), ganhou o veículo da mãe em 1976. Ultimamente, estava
preocupado porque teria que aposentar a relíquia. O carro não atendia aos
pré-requisitos da Prefeitura do Recife.
O presidente do Sindicato dos
Taxistas de Pernambuco, Everaldo Menezes, encaminhou ofício ao secretário de
Defesa Social, Wilson Damázio. "Solicitamos uma audiência. Queremos segurança
para trabalhar. Vamos pedir que os taxistas sejam parados nas barreiras
policiais."
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