sábado, 14 de maio de 2011

Romance de Circo

Filme com um título estranho e Robert Pattinson no elenco talvez pareça algo desinteressante. Mas acredite, é uma história atraente que ao mesmo tempo homenageia e critica o espetáculo circense.


Depois que saiu da franquia Harry Potter para entrar em Crepúsculo, Robert Pattinson virou motivo de desconfiança. Muita gente não consegue acreditar que o rapaz possua algum talento depois do que demonstrou com seu inexpressivo e sem graça vampiro Edward, portanto, qualquer filme com ele seria furada. Talvez por isso Água para Elefantes (Water for Elephants, 2011) não pareça lá grande coisa. Acredito que isso seja culpa de uma divulgação mal feita, concorrência pesada (muitos filmes mais apelativos, como "Velozes e Furiosos 5", "Thor", "Rio" e "Reencontrando a Felicidade") ou, mais provável, puro preconceito com Pattinson. Seja qual for o motivo, não caia na ideia de que esse filme é ruim, muito pelo contrário.


O psicopata August e a gentil Marlena

A história se passa em plena Depressão, período negro do capitalismo ianque. O jovem Jakob Jankowski (Pattinson), de família polonesa, está prestes a se formar em veterinária e a começar uma vida bem sucedida. Uma tragédia muda tudo e o rapaz, sem nada mais que as roupas e mais alguns pertences, abandona sua antiga vida. No caminho, embarca clandestinamente num trem que pertence a um circo. Sua vida começa a mudar a partir daí.

Jakob passa a trabalhar no circo, em tarefas não muito dignas inclusive, e conhece Marlena (Reese Whiterspoon, excessivamente magra, por sinal), uma das estrelas do espetáculo. Marlena é casada com o impiedoso August, dono do circo e interpretado por Cristoph Waltz. Ele mesmo, o detestável oficial nazista de “Bastardos Inglórios”! Waltz dá mais um show em cena, ofuscando o casal protagonista.

O tal elefante do título é Rosie, encontrada numa das viagens do circo e comprada por August. É com a entrada desta “personagem” que Jakob e Marlena vão se aproximar cada vez mais. Ele precisa tratar e treinar o animal, enquanto ela tem que ensaiar seu número com a elefanta.



O ingênuo Jakob e a carismática Rosie
O filme tem como ponto positivo o fato de não ser tão óbvio no seu desenvolvimento, especialmente no que se refere ao triângulo amoroso. A direção de arte também é outro acerto, transpondo o espectador para o lado glamoroso do circo – e o não tão glamoroso assim – com eficácia. Mas o maior acerto fica por conta de Waltz. O ator rouba a atenção sempre que está em cena, não há como escapar.

Outra coisa muito especial de "Água para Elefantes" é a recriação do universo circense, especialmente num período histórico tão delicado como a Depressão, onde a sensação opressiva e inexorável do capitalismo (temporariamente) falido criava a necessidade de entretenimento, de uma válvula de escape. E Francis Lawrence (diretor de “Constantine” e “Eu Sou a Lenda”) consegue transmitir essa atmosfera circense de maneira ao mesmo tempo lírica e crua, ao retratar tanto o encantamento ingênuo do picadeiro como o destempero dos “bastidores”, especialmente nas cenas dentro do trem.

"Água para Elefantes" ainda tem um ou dois furos de roteiro, mas nada comprometedor para a obra. De resto, quem quiser apreciar um filme mais “calminho” que o de Vin Diesel, é uma ótima pedida. E Pattinson nem está tão mal assim. Sério! :D



Água para Elefantes
Nota: 8.0/10



(infelizmente, não encontrei trailers que pudessem ser incorporados no post. Então, cliquem no link para assistir o trailer.)

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