segunda-feira, 24 de outubro de 2011

11 anos de Hybrid Theory - e ele continua ótimo!

Há exatos 11 anos, era lançado no mercado um dos discos mais fantásticos da década passada. Tratava-se de Hybrid Theory, disco de estreia do Linkin Park e uma das bandas mais fenomenais do movimento conhecido como nu metal.

Nu Metal, pra quem pegou o bonde andando, era uma nova proposta musical, fundindo elementos do rock com hip hop e música eletrônica. A formação das bandas seguia a velha receita guitarra, baixo e bateria, com acréscimo de teclados e pick ups, dependendo do estilo de cada banda. 

Korn, Limp Bizkit, Orgy, Slipknot, Papa Roach e Soulfly são apenas algumas das zilhões de bandas que surgiram na onda do "novo metal". O que predominava nas misturas sonoras - se rock, hip hop ou electro - variava muito. Korn, por exemplo, se entregou a batidas mais próximas do hip hop e acordes violentos, somadas ao vocal poderoso de Jonathan Davis. O Limp Bizkit foi mais pro gueto, privilegiando letras mais rimadas e a batida funky, aliadas a guitarra monstruosa de Wes Borland, figura que fez muita falta à banda - e que era muito mais carismático que o vocalista Fred Durst. Já o Slipknot parece que fez um pacto com os deuses do metal e descarrega ódio em cada nota, transmitindo o clima opressor do death metal - fora o visual psicopático dos caras, com aquelas máscaras horrendas!


E havia o Linkin Park. A banda formada por Chester Bennington, Mike Shinoda, Rob Bourdon, Brad Delson, Dave Farell e Joe Hahn conseguiu sintetizar o máximo que o nu metal poderia ser - e talvez por isso mesmo tenha sido uma das mais bem sucedidas e conhecidas bandas do gênero. O Linkin Park conseguia misturar as três influências básicas do nu metal e ainda acrescia elementos midiáticos exteriores à música. Unia cultura cyberpunk, animes, games e artes marciais aos vocais ora guturais (Bennington), ora ritmados (Shinoda), assim como aos scratchs e mixes de Hahn e ao trio guitarra-baixo-bateria extremamente equilibrado de Delson, Farrel e Bourdon. Uma banda que se podia chamar de transmídia antes que o termo virasse moda. Havia uma harmonia única naquele conjunto, não só de sonoridades, mas de ideias.

O primeiro single, One Step Closer, lançado em 28 de novembro de 2000, teve o clipe transmitido pela primeira vez, aqui no Brasil, no saudoso TOP 10 EUA, parada musical da MTV Brasil que transmitia o 10 clipes mais pedidos na matriz americana. Enganou-se quem pensou que aquilo não ia durar. Logo depois vieram Crawling e In The End. E em pouco tempo o mundo já estava tomando pela banda californiana de Agoura Hills.

O sucesso pediu bis e o que seria mais apropriado que um CD só de remixes para uma banda de nu metal tão balanceada? Reanimation (2002) era inundados deles, com mudanças tão esquisitas em algumas faixas que lembro de gente dizendo que não compraria aquilo nem a pau. Mas esse disco só serviu de ponte para o ainda mais aclamado Meteora (2003), que forjou de vez o nome do Linkin Park na história da música.





A banda não parou por aí. Ainda teve Live in Texas (2003), um mega registro ao vivo em álbum duplo, Collision Course (2004), fruto de uma parceria com o rapper Jay-Z onde os artistas misturavam suas músicas, Minutes to Midnight (2007) e A Thousand Suns (2010) Estes dois últimos marcam uma mudança no estilo da banda, que deixou de vez o nu metal em nome de novas experiências musicais. Mais além da mudança, também é notável o quanto a banda afundou um tanto no esquecimento, não sendo nem mesmo a sombra do foi no início dos anos 2000. Para piorar, a banda só tem reaparecido quando sai um novo filme de Transformes (What I've DoneNew Divide e Irisdecent estavam na trilha sonora do primeiro, segundo e terceiro filme, respectivamente). De toda forma, nada seria possível para esses caras se não fosse a excelente estreia com Hybrid Theory.


O que Hybrid Theory representa para mim - Bem, deixando de lado o estilo mais jornalístico e indo pro viés absolutamente pessoal, o que posso dizer é que o primeiro disco do Linkin Park foi simplesmente a melhor companhia musical que eu tive num tempo que foi um tanto pesado para mim, emocionalmente falando. Aquele 2001 foi pauleira e teria sido um pouco pior sem o alívio das minhas sessões de "Linkin Park terapia". Eu simplesmente me trancava no quarto e ligava o som no máximo. Começava a viajar na música, cantando aos berros junto com Chester ou forçando a pronunciar mais rápido meu parco inglês para acompanhar os trechos de Mike Shinoda. E no meio disso tudo, pra fechar a paródia de rockstar, pulava como um louco, com as luzes apagadas, chacoalhando a cabeça no melhor estilo headbanger e improvisando movimentos dignos de uma roda de pogo. 


Era ridiculamente absurdo, adolescentemente besta e sem propósito (ou quase), mas era divertido demais. Quando terminavam aqueles 38 minutos (aproximadamente) de porrada sonora , eu estava exausto, suando bicas, o corpo dolorido do esforço quase ininterrupto e a garganta completamente arrasada. Mas eu saía leve, todos os problemas pareciam ter ido para as cucuias e o máximo que eu queria era um bom banho, jantar e cair na cama. So simple. E como precisei disso naquele longínquo 2001.





O mais engraçado disso tudo é que eu fazia essa "terapia" graças a uma fita k-7 no meu velho micro system de singelos 80 W de potência. Totalmente ridículo nos dias de hoje, mas aquilo ali era o auge para mim. Até porque era meu primeiro aparelho de som, só meu e de mais ninguém. E como CD era coisa cara para quem não tinha renda própria, as fitas salvaram minha experiência musical.


Quem me emprestou Hybrid Theory (lembro que eu falava "áibrid téuri...) foi o meu grande amigo Thiago Moreira - aquele mesmo que está lá em cima, na lista de autores do Caixa. Ele também não trabalhava, mas tinha pais mais generosos que os meus. Numa tarde no colégio, ele me emprestou o CD. Voltei ansioso pra casa, querendo ouví-lo inteiro logo. Aquela primeira audição do Hybrid Theory foi algo espetacular, cravou na minha cabeça um som que, apesar de extremamente datado, vai me entreter por muito tempo ainda. Sempre que eu escutar os primeiros acordes de Papercut, Points of Authority, A Place for My Head, Pushing Me Away, By Myself, With You, além das faixas já citadas ao longo do texto, eu vou ter a mesma vontade de cantar junto, de pular junto. E sei que isso será verdade também para muita gente que teve oportunidade de se contaminar com esse álbum. Não é à toa que foram vendidas cerca de 24 milhões de cópias, sendo disco de diamante nos EUA e figurando na 84ª posição dos 200 discos definitivos do Rock and Roll Hall of Fame.





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Este post merece os devidos agradecimentos aos meus caros amigos na vida e parceiros aqui no Caixa da Memória: a Débora Leão (mais carinhosamente conhecida como Beeb), pela inspiração que veio do post no blog dela, o Smooth Criminal, sobre esse mesmo assunto; e a Thiago Moreira pelo "puxão de orelha" sobre a participação de Linkin Park nas trilhas de Transformers.
E por último, a Chester, Mike, Rob, Brad, Dave e Joe por salvar minha cabeça com suas músicas.

4 comentários:

Débora Leão disse...

Own... que coisa linda.

Fico feliz em ver que esse post foi muuuuito além da notinha no Smooth Criminal. Ficou completo e muito bem escrito. Gostei muito das comparações com as outras bandas, dando todo o contexto necessário para mostrar o quanto o Linkin Park foi (e continua sendo) significativo para quem um dia já foi fã.

Entendo BEM como é essa terapia. Acredite. Espero, no entanto, que ao ouvir essas mesmas músicas dez anos depois suas angústias daquele tempo tenham dado lugar a um sentimento nostálgico e carinhoso pelo Hybrid Theory. (Já eu falava "ráibridi teóri")

Um beijo, padrinho querido.

Wesley Prado disse...

Brigado, minha nobre afilhada!
Quanto às bad vibes daquela época, nem sombra. Quando escrevo sobre a época, parece que o negócio ainda remói dentro de mim, mas graças a Deus, já curou faz é tempo.
E Hybrid Theory vai durar muito no universo afetivo de muuuuita gente, sem dúvidas...

Fernando disse...

pelo exposto parece que todo mundo que ouviu Linkin Park naquele nefasto 2001 fazia performances particulares. Eu tive uma cópia "Originale" desse disco, usava o controle remoto do som como microfone (ou seria MICOfone?)
Bons tempos, me divertia muito, era mesmo uma terapia!

Wesley Prado disse...

Fernando,
Primeiramente, muito obrigado pela visita.
Sim, acho que Linkin Park foi responsável pela maior promoção de anti-stress de 2001. Hybrid Theory é perfeito para jogar os problemas pela janela.