sábado, 19 de novembro de 2011

Jogos Demoníacos e o Politicamente Correto

Danielfo, do Pensotopia, blog voltado para RPG de mesa, fez um texto muito legal sobre o Mal escondido nos jogos mais inocentes que as crianças têm ao seu dispor. Uma resposta bem-humorada aos vários momentos de terrorismo midiático que o RPG tem sofrido ao longo do tempo.

"O RPG sofreu um processo de caça às bruxas no fim dos anos 90, sendo associado à magia negra. Grande parte do preconceito inercial do público leigo ainda vem desta fama que foi imposta pela Vênus Platinada aos pobre rpgistas, que aos pouco conseguem recuperar o rótulo de Nerd.

Agora imaginem se não fosse o RPG que tivesse sido o centro das atenções, mas outros jogos. Como seriam as críticas nos editoriais se houvesse uma cruzada contra os jogos mais conhecidos do Brasil?

Banco imobiliário – o jogo estimula o capitalismo desenfreado e desumano, só se atinge a vitória através da falência dos adversários. A prisão no começo do jogo é ruim, mas quando você está rico, mais parecem férias no campo, passando a idéia que nossa Justiça é inapta a combater crimes de colarinho branco. Quando você está muuuito rico, geralmente quebra o banco, passando um ar de normalidade à crise de crédito mundial e estimulando a especulação do capital. O cartão “saída livre da prisão” nos mostra como é fácil conseguir um “habeas corpus”, independente dos motivos que levaram a decretação da medida punitiva pelas autoridades competentes.

Jogo da vida – a mecânica do jogo mostra que apenas através de uma roleta pode-se conseguir tudo na vida, estimulando o vício em cassinos. O jogo também permite ter filhos fora do casamento, a famigerada “produção independente”, inflamando nossos impulsos levianos, numa falta de amor à família. O fim do jogo nos impõe uma escolha, se queremos nos arriscar para sermos ricos ou não nos arriscamos e vivermos na moleza como magnatas. Cria-se a fantasia de que sem nos arriscarmos sempre ficaremos bem, estimulando a passividade ante a vida; a segunda opção induz ao pensamento de que a realização pessoal só é atingida quando se possui vasta quantidade de posses materiais, passando o dogma de que o dinheiro é tudo na vida. Logo o jogo da vida é o dinheiro, o que arruína qualquer perspectiva de convívio social harmonioso.

Pula-pirata – O jogo faz as crianças se divertirem com a tortura! Enfiar facas no barril onde um homem se esconde, depois de ter sua honra vilipendiada, com acusações difamatórias sobre sua reputação, baseando-se apenas nas vestes dele e sua deficiência física. O deficiente visual sofre preconceito e ainda se vê acuado na mão de jogadores facínoras que querem vê-lo estrebuchar, num último movimento, de maneira hedionda. O jogo mostra total desapreço pela dignidade da vida humana, que devemos valorizar e proteger.

Pedra-papel e tesoura- Esconde por trás da máscara oriental, um jogo altamente mesquinho. A lógica nefasta do jogo, passa uma mensagem de que se você é passado para trás por alguém você sempre pode descontar no mais fraco. A pedra simboliza a ignorância, pois quebra as ferramentas, inferindo que a brutalidade pode ser a melhor solução quando tudo mais der errado, pensar nunca! A tesoura significa a pobreza criativa, como não pode inventar, se ocupa e “cortas” os outros. Papel representa a arrogância, pois ao enrolar a pedra, o ser ignóbil, não usa o conhecimento em benefício da sociedade e sim para poder mostrar que é melhor que alguém que não teve condições de se preparar intelectualmente. Como se vê, este jogo demoníaco, apenas estimula o egocentrismo, pois nenhum dos três elementos do jogo consegue conviver em harmonia!

Por isso que eu jogo RPG, pois não quero fazer mal a ninguém, nem aprender nada de errado."


Para mais artigos sobre RPG e cultura pop, acessem http://pensotopia.com.br/.




Wesley Prado é recifense, leonino, quase jornalista e nostálgico. Lembra da queda do Muro de Berlin. Simplesmente louco por quadrinhos, RPG, livros e cinema. Criador do Caixa da Memória, mas humilde demais para querer ser chamado de deus ou papai.

Um comentário:

Rafaella disse...

E o jogo da velha? Quanto preconceito com a pobre. O resta um então... Estimula a concorrência e a destruição do próximo: só vence quem passa por cima de todos. hauahuahua ^^