terça-feira, 22 de novembro de 2011

Lost e o Mundo Perdido

Fãs do sitcom Lost, perdoai-me porque hei de pecar: não vejo uma distância grande entre Lost e aquela série de televisão que já embalou nossas tardes depois do almoço na Record, a Mundo Perdido, hoje na Band, acho. A primeira semelhança já é bem clara: 'Lost' e The 'Lost' World. Tudo bem, essa foi tosca demais, mas com certeza você foi um dos que disse "não velho, isso é tosco demais!" com Mundo Perdido mas não foi tão sincero quanto ao real valor da série de TV Lost e sua perda de seis anos acompanhando.

E o que mais te falta para enxergar a semelhança? Vamos te abrir os olhos. Ilha perdida em um lugar do oceano que ninguém consegue achar? Checado. Sobreviventes de uma queda de veículo voador? Chegado. Em Mundo Perdido é um balão, em Lost é um avião e até rima! Grupo que vive na selva construindo moradias e caçando super animais? Checado. Grupo que encontra uma super sobrevivente presa há tanto que nem lembra mais quem é? Checado! Lembrar Daniele de Lost e a loira bonitona Verônica de The Lost World que se veste de couro de animal e jamais assanha cabelo e nunca sai sem maquiagem, mesmo sendo abandonada pelos pais há mais de 20 anos e jamais ter visto uma maleta de maquiagem na vida. É tosco? Em Lost todo mundo tá limpinho também mesmo depois de um banho de sangue. Sem contar que neuro cirurgião sabendo atirar como um agente do CSI é demais, né? E já notou que eles jamais perdem a forma? Não malham mas sempre abdome sarado, mesmo seis anos depois. É a ilha que cura, salva e tira pneuzinho, baby!

E tem o gostosão sem escrúpulos mas de bom coração, o bonitão caçador Lord John Richard Roxton em Mundo Perdido que em Lost é o loiro ardiloso e ladrãozinho James Sawyer. Tem também a ladra que se apaixona Marguerite Krux em Mundo Perdido, a Kate em Lost. E quem curava todo mundo de doenças e armas inteligentes químicas? Em Mundo Perdido era o cientista com ares de médico Challenger, em Lost era o garanhão Dr. Jack Shephard, um neuro cirurgião.

Não, não diga que esta que vos escreve está exagerando porque está tudo lá, em seus seis anos perdidos por todos nós indo e vindo entre passado, presente, futuro e uma baita bebedeira para saber quando a lombra ia acabar. E a viagem no tempo teve na série primeira também, criada em 1999. Em The Lost World eles também vão de alguma forma parar em um passado distante e irreal ao de sua realidade e em Lost, tem tanto tempo junto que mais parece uma lombra de erva boa. Dá para entender, claro, até compreendendo a mensagem subliminar de como seriam as suas vidas sem o acidente em um pseudo concerto da realidade, o quanto elas não eram tão distantes do seu sofrimento na ilha, uma pseudo lavagem de ego pela morte trágica. 

Visualmente, claro, esperar que alguns anos depois não tivesse mudado nada era demais, né? Mas alguns efeitos ainda ficam a desejar. As explosões de Lost eram muito, muito, mais muito toscas mesmo! E o submarino foi o pior já feito para TV em PC! Alow! A mistura de digital e real ficou tão desumana que Mundo Perdido ganhou em seus fundos verdes em algumas cenas, hein?

E não diga que você não perdeu a conta de tanta gente que morreu que com certeza o roteirista também se perdeu. Ele devia ter colocado um tracinho na mesa para cada um que matasse, do lado do computador, que nem prisioneiro para saber os dias de prisão. Eram 48 sobreviventes no começo, apenas em um massacre de flechas de fogo morreram oito contados a dedo, mais um moi de doença das feridas da guerra.

No meio do caminho até Rodrigo Santoro apareceu pra somar aos 48 e depois subtrair menos ele e a namorada. E dois se explodiram. E entra mais uns 10 nativos e saem mais um cinco de morte morrida e uns 20 de morte matada. Quantos restaram? Parece mas não é teste psicotécnico não, hein? É todo mundo lost mesmo: roteiro, direção, público. Os detalhes não fazem diferença? Então volta os seis boxes de DVD e conta quanta gente morreu e faz uma soma pra informar pra gente, que essa aqui perdeu a conta.

Quem quiser que diga que Lost foi a melhor série dos anos 2000, mas diga bem longe de mim. Que eles estavam mortos era meio esperado, mas eles realmente estarem todos mortos foi um final tão tosco que não valeu nem um minutinho sequer das seis temporadas só de raiva. Foram muitos sinais: teve anjo da morte para conviver com todo mundo, o tal do Jacob; teve morto vindo mandar mensagem para morto, gente indo e vindo e diabos e deuses tentando salvar a si e fingindo salvar todo mundo. Uma coisa aprendi com Lost: se morrer em um acidente de avião, vou rezar muito na queda para que o inferno não seja uma ilha. Se acordar numa ilha, vou chamar a Fumaça Preta e me render que não quero seis anos indo e voltando não.


Ah, as semelhanças:

The Lost World

Lost

O bonitão assassino de The Lost World

O bonitão assassino de Lost'


Lidianne Andrade é uma Pernambucana casada com o jornalismo, de caso com a fotografia e com amantes bem presentes, as séries de televisão. Ando de mãos dadas com as artes plásticas e dou uns beijos no webjornalismo, mas nada muito sério.

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